segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Memorial

Como está especificado no perfil, sou uma professora de Língua Portuguesa de 22 anos. Graduei-me em Letras-Português do Brasil como Segunda Língua (PBSL), pela Universidade de Brasília no ano de 2007. Mas, antes de falar de minha atuação profissional, tentarei falar um pouco sobre a minha vida e como cheguei até aqui.
Nasci e me criei na cidade de Ceilândia, onde vivi até os 19 anos. Filha caçula de uma casal de nordestinos, cresci vendo os estudos como a ferramenta que me abriria todas as portas para a realização dos meus sonhos. Entrei na escola aos seis anos e com o incentivo da Tia Simone (minha professora da 1ª série) e da minha família, logo descobri a minha paixão pela leitura. Virei frequentadora assídua da biblioteca!!!
Assim, acabei sendo eleita, ainda na 1ª série, a melhor aluna da escola. Por essa razão, fui convidada a participar de um evento em comemoração ao encerramento do ano letivo, na Regional de Ceilândia. Mas, para isso, eu teria de ler 10 livros e contar cada uma de suas histórias para o público do evento. Senti um medo tão grande, quase desisti de ir. Mas com a ajuda de minha mãe, consegui cumprir a missão, e hoje, recordo-me desse fato como uma das lembranças mais doces da minha infância e como o meu primeiro "desafio" como leitora.
Prosseguindo a minha vida estudantil, descobri uma outra paixão: a escrita. Não sei precisar quando isso aconteceu, mas sei que foi por uma necessidade inata de expressar o que eu imaginava e sentia. Também porque sempre admirei os que conseguiam fazer isso por meio de livros, textos, músicas, imagens, o que for. Claro que nunca tive grandes pretensões com a minha "obra", pelo contrário, até hoje tenho vergonha de mostrar o que escrevo a outras pessoas. Mas escrever é uma necessidade do meu espírito, por mais amador que ele seja.
Com a aproximação da adolescência, descobri minha terceira e grande paixão: os romances, tanto em prosa, quanto em poesia. Devorei inúmeros livros românticos, principalmente quando, aos treze anos, ingressei no Ensino Médio. Porém, durante o seu decurso, descobri que não gostava muito do estudo sistematizado da literatura; gosto de literatura para mim, porque me entretém, me diverte, me faz imaginar o rosto dos personagens, os cenários, o decorrer das cenas. É uma viagem sem sair do lugar!
Ainda no Ensino Médio, pude perceber com mais maturidade o valor das palavras, melhor dizendo, o poder que elas têm de enfrentar, manipular, dissimular, prover... Então, concluí que a minha ligação com a Linguagem e a Língua Portuguesa iam além do que eu supunha. Decidi prestar vestibular para Letras. Escolhi o PBSL por influência da minha irmã, que já fazia o curso nessa época. Não passei na primeira tentativa, mas na segunda pude ver o meu nome no jornal. Fiquei tão orgulhosa de mim, me senti tão feliz que sorria e chorava ao mesmo tempo. Iniciava-se ali uma fase maravilhosa e muito trabalhosa da minha vida.
A minha graduação foi um pouco conturbada. Comecei a trabalhar no segundo semestre, e tive que driblar o tempo para dar conta de tudo. Mas isso me fez perceber o valor do trabalho e o quanto é bom conseguir algo por mérito próprio. Suei, sorri, tremi, chorei diversas vezes durante a minha vida acadêmica, mas cresci muito! Conviver com tantos universos, tantas pessoas, tantas diferenças e semelhanças me fez enxergar a vida sob diversos prismas.
A graduação chegou ao fim e veio o trabalho, de fato. Confesso que nunca sonhei em ser professora, apesar de crer que tenho talento para a profissão. Na verdade, sempre gostei de tantas coisas que não sei dizer ao certo qual é o meu sonho. Porém, procuro realizar o meu trabalho com o carinho, a dedicação e a responsabilidade que ele merece.
No dia-a-dia com os meus alunos, tento passar a eles os valores que eu tive durante a minha vida, para que eles também possam sonhar, imaginar e crescer. Acredito que a leitura e o senso crítico são fortes aliados nesse processo e procuro desenvolver neles o gosto por ambos, mas, infelizmente, vejo que há um grande desinteresse e isso me frusta enquanto pessoa e profissional. Contudo, faço a minha parte e espero que um dia meus alunos tenham histórias lidas e criadas por eles para contar. Sejam elas verídicas ou fruto de alguma imaginação.

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